15 DE JULHO

 

Se estivesse entre nós Hermano José completaria 93 anos. Partiu antes, no mês de Maria, dia 21,  ele despediu-se do planeta Terra que tanto amou.  Na véspera de alçar voo, já na UTI do Hospital Samaritano, na nossa despedida, olhando-me fixamente repetiu como um mantra: obrigado, obrigado, obrigado, obrigado, obrigado... Sei, hoje, que era para dividir com todos!

Creio que depois de escutar o poema que escreveu para a mãe, que eu li para ele -só Deus sabe de onde tirei a força - e dizer que fosse encontrar a mãe e falar com São Francisco ,  ele resolveu abandonar o involucro carnal com a mesma dignidade que viveu. Reconhecido, por ter em vida, recebido tantas e merecidas homenagens. Lá estava meu mestre, meu amigo voltando para casa...  Dizer mais nada é preciso.

Preciso dizer, sim, que neste quinze de julho o céu está com mais uma estrela. Aqui batemos palmas e cantamos os parabéns para você, com profunda alegria e gratidão pelo legado deixado. Como poeta, pintor, gravador, professor, defensor do meio ambiente, acima de tudo como ser humano. No poema 'Registro de Nascimento', publicado em Anotações no Tempo, seu último legado artístico, temos Hermano José por ele mesmo:

Nasci na Terra em de 15 de julho.

Sou lunático.

Nasci  longe das cremalheiras de saturno,

moendo a poeira do tempo.

Estou próximo do sol

minha estrela amarela,

que banha de ouro o poente.

Vivo as quatro estações:

no inverno sonho

na primavera sigo o caminho das flores

no verão aqueço  o coração

no outono apago sombras  que

obscurecem  lembranças.

Quando de tudo canso,

acompanho a Lua

Sumindo no manguezal

 

Um viver simples assim.  Com certeza , neste 15 de julho, ele estará com São Francisco falando com os humildes de coisas que não entendemos, como escreveu no poema dedicado à mãe.

 

 


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